Como uma boa descrição no processo de escrita melhora meu texto?
Imagine que você está lendo um texto onde não há descrição de nada. Qual a sensação que vai trazer a você, leitor? Será que vai lhe prender ou vai fazer com que a história fique sem sentido?
Pensando nisso, o nosso artigo hoje é sobre descrição no processo de escrita, trazendo dicas e alguns exemplos para que seu texto seja cada vez mais rico.
Acompanhe até o final e veja um exercício proposto para que você possa descrever melhor cenários e pessoas no seu texto.
O processo de escrita e a descrição
Quando começamos a escrever, muitas vezes temos em mente o local onde se passa a história, as características dos personagens e tudo mais que cerca aquele mundo onde os acontecimento se darão. O problema é quando essa descrição não vai para o papel. Ao escrever, é importante que você tenha em mente a importância da descrição de cenários e pessoas para o leitor construir a imagem do texto.
Observe o texto abaixo:
“Ela chegou e entrou na sala. Saiu depois que a cadeira caiu.”
Apesar de uma frase solta, vamos utilizá-la como exemplo para melhorar a descrição no processo de escrita. Veja só:
“Ela chegou na antiga casa feita de pedras. Entrou pela porta de metal que rangia ao ser mexida. Deparou-se com uma sala ampla, retangular, onde havia uma mesa de vidro e duas cadeiras de madeira antigas. Naquele momento, a cadeira caiu, sem que nada tocasse nela. Tomada de um medo, ela deixou a sala pela porta que acabara de entrar.”
Observe que o acontecimento é o mesmo. A diferença é que no segundo exemplo há uma maior riqueza de detalhes.
Limites – até quanto descrever e até quanto deixar o leitor inferir?
Existe uma tênue linha entre o que descrever na escrita e o que deixar para que o leitor faça inferências. Aqui, entrará questões como gosto e estilo. O ideal é que haja um equilíbrio, envolvendo o leitor naquela cena e possibilitando que ele infira , complete mentalmente o cenário.
Porém, alguns autores preferem fazer uma descrição minuciosa de cada detalhe, tornando a obra ainda mais rica. O cuidado que se deve ter é para que, nessa descrição ampla, não deixe o texto sem ritmo.
Veja os três exemplos abaixo:
1- Ela chegou na casa e entrou pela porta.
Uma descrição simples, pobre. Se essa casa e essa porta não foi contextualizada antes, não se sabe como ela pode ser. Não há uma descrição do cenário, somente uma colocação.
Textos como esse acontecem muito em livros feitos por pessoas que têm o intuito de acabar rápido sua história. Correm com o texto, querendo lançar sem se preocupar com um texto mais aprimorado. Com isso, criam histórias pobres e que não geram engajamento. Ou seja, ignora por completo a descrição no processo de escrita.
2- Caminhando lentamente, ela chegou à casa de pedras que buscava. Construída há muito tempo, usava blocos grandes encaixados para formar a imensa parede. A porta de madeira, antiga e com detalhes talhados à mão, rangeu quando ela entrou.
Neste segundo exemplo, o texto é descrito de maneira equilibrada, sem perder o ritmo dos acontecimentos. Veja que você consegue imaginar como é a casa e, o que possa faltar, fica por conta da imaginação.
Este tipo de descrição no processo de escrita é o que muitos autores preferem usar. Mantém o equilíbrio e o ritmo do texto.
3- Caminhando lentamente sobre o chão feito de terra vermelha com pedrinhas amarelas, ela chegou na frente da casa. Construída há mais de meio século, a casa possuía quatro paredes de pedra. Cada parede era construída com imensos blocos de pedra de igual tamanho, retirados de uma pedreira próxima. As pedras, de cor amarela e com rajados pretos, foram cortadas para que, ao se encaixarem na parede, mantivessem seus desenhos sempre virados para a parte de fora. Foram coladas com um tipo de cimento vermelho e, por cima de tudo, uma resina transparente foi aplicada para proteção. Apesar disso, por se passarem tantos anos, as pedras já demonstravam marcas de fungo verde, o que poderia ser um sinal de que não eram lavadas há muito tempo. Ela olhou para a porta feita de madeira. Um material raro, tirada de florestas, tinha uma coloração avermelhada. Cada parte da porta foi esculpida manualmente, formando ondas que iam percorrendo os lados da porta. A maçaneta era feita de latão amarelo, comprida. Ela girou. Naquele momento, ouviu-se um rangido das dobradiças antigas que já estavam enferrrujadas.
Se notar, este texto tem uma grande quantidade de detalhes. Se esses detalhes não forem tão importantes para a narrativa, acaba tornando o texto cansativo. Por isso, o processo de escrita precisa de equilíbrio.
Ainda assim, é melhor mais descrição do que menos. Dentre todos, o pior é não ter descrição nenhuma.
E como treinar descrição?
Propomos, no último Papo de Escritor, um exercício de descrição. Acesse a aba “Papo de Escritor” e baixe o arquivo “Um Carnaval de Ideias – Exercício de descrição”. Depois, veja a sequência de imagens e crie um texto descrevendo o que você vê. Cenário, personagens, e tudo mais.
Crie uma história com as imagens e mande para nós!
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